U2 - 1984 e 1985
O disco The Unforgettable Fire e o Live Aid foram os dois grandes acontecimentos na vida do grupo nesse período. Isso sem falar do projeto Band Aid no qual Bono e Adam Clayton participaram. Foi no estádio de Wembley que a banda pulou para o posto de supergrupo. O U2 também ganhou o título de "grupo dos anos 80" da Rolling Stone e que muito ajudou a renegociar um contrato milionário com a Island. E ainda teve um EP (Wide Awake in América) e o nascimento de "Pride" e "Bad", dois dos maiores clássicos de seu repertório. De quebra, um texto apaixonado escrito por Joan Baez sobre a performance do grupo no Live Aid, traduzido por Maria Teresa Menegassi da Rosa, uma das maiores fãs da banda no Brasil. Pelo resumo, já percebeu que a história será longa...
1– A exposição inesquecível
http://www.beatrix.pro.br/mofo/imagens/u206_cartaz.jpgA excursão promocional de War deu o respaldo que a banda tanto precisava. Com shows esgotados pela América, eram, finalmente, uma das maiores bandas do planeta, ou até a maior. E começavam a receber convidados em suas apresentações. Na Filadélfia, Bruce Springsteen subiu ao palco para tocar com a banda. Ao término da turnê, o grupo doou para o Chicago Peace Museum todo o cenário utilizado na turnê, para ser exibido em uma exposição muito particular: pinturas feitas por moradores de Hiroshima e Nagasaki à época do bombardeamento das cidades japonesas, na Segunda Guerra Mundial. O nome da exposição era “The Unforgettable Fire”.
A exposição sensibilizou muitos os quatro músicos e acharam que o nome daria uma bela idéia para um novo disco. E o novo disco era uma preocupação imensa naquele momento. A maior dificuldade era convencer o produtor que desejavam a trabalhar com eles: Brian Eno.
http://www.beatrix.pro.br/mofo/imagens/u206_eno02.jpgBrian era uma figura cultuada no meio. Ex-integrante do Roxy Music, era considerado um homem singular, por suas idéias e o conceito de “no musician”. Segundo Brian, um músico não precisa ser virtuose para ser um considerado um mestre. Brian acreditava (e ainda acredita) que se cada um souber trabalhar os arranjos e conseguir aproveitar todo o seu potencial, por menor ou maior que ele seja, atingirá uma excelência. E Brian havia feito muito disso com dois artistas que o U2 amava: David Bowie e Talking Heads.
Mas o problema é que Brian não estava muito animado em produzir o grupo. Ele conta que ficou meses sem responder os insistentes telefonemas da banda para que telefonasse para eles. O motivo é que não via como poderia se encaixar nas canções do grupo. “Para ser sincero, eu tinha odiado todo o trabalho deles, não havia nada em comum comigo e não tinha idéia porque tinham me escolhido.”
Depois de tanto insistirem, Brian concordou em viajar até Dublin para conhecer os insistentes irlandeses, levando um jovem engenheiro de som chamado Daniel Lanois.
O encontro foi melhor do que Brian esperava. A princípio, tentou demover a banda dizendo que se fossem produzidos por eles soariam como jamais pensariam e que mudariam totalmente de estilo. Pois Brian ficou surpreso quando o grupo disse que era justamente isso que desejavam. “Não queremos fazer um filho do War. Queremos dar um passo à frente em nossa música”, disse The Edge.
Brian confessa que mais do que as músicas, o que realmente o interessou foram os próprios integrantes. “Quando vi Bono pela primeira vez sabia que teria que trabalhar com ele. Não sei explicar o que senti, apenas que o achei uma figura interessante demais para ser descartada. O mesmo se aplicou com The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen. Eles não eram pessoas convencionais de uma banda convencional. Ali, vi que seria um projeto muito interessante.”
2 – A banda do ano fica milionária
http://www.beatrix.pro.br/mofo/imagens/u206_u2.jpgEm março de 1984 o grupo é escolhido como o grupo do ano pela revista Rolling Stone. Se a banda gostou, Paul McGuinness simplesmente pulou de alegria com a notícia. E não era para menos. Finalmente ele tinha um grande trunfo para tentar renegociar, mais uma vez, o contrato do grupo com a Island. Paul então marcou uma reunião com o Chris Blackwell e levou Owen Epstein e Ossie Kilkenny.
Ao final da reunião, os três saíram pulando que nem crianças. O antigo acordo de US$ 50 mil mais royalties tinha se transformando em um novo contrato para mais quatro discos ganhando US$ 2 milhões adiantados por disco mais royalties. Traduzindo: o U2 era uma banda milionária agora. Os anos de dureza haviam terminado.
McGuinness e Epstein voaram para Dublin até os estúdios Widmill Lane onde a banda estava gravando o novo disco. Paul reuniu a banda e deu a grande notícia. O grupo ouviu em silêncio e então Paul levou uma ducha gelada de Bono. “O dinheiro poderá nos destruir, nos corromper. Pode nos separar dos amigos, de nossas famílias, de nossas raízes. Estamos felizes pelo acordo, mas não há necessidade para a festa. Agora precisamos voltar ao trabalho e terminar esse disco.”
Paul esperava tudo, menos ouvir isso. “Não é possível”, pensava, “fiz um acordo milionário e eles reagem com essa frieza?”
Mas o que o empresário não sabia é que as gravações estavam sendo caóticas como nunca haviam sido anteriormente. O motivo é que as músicas não funcionavam. Após definirem que usariam a exposição “The Unforgettable Fire” seria o tema central, nada mais deu certo. Duas semanas antes de começarem as gravações com Brian e Lanois, o grupo não tinha sequer uma única nova canção. Para piorar, o grupo temia que Eno pensasse “meu Deus, que banda horrorosa. Como fui entrar nessa?” O pânico era tão grande que pensaram em desistir de tudo.
http://www.beatrix.pro.br/mofo/imagens/u206_ensaios.jpgQuando Brian e Daniel chegaram para começarem o trabalho, The Edge resolveu sentar com os dois para discutirem as idéias. O primeiro passo era tentar encontrar o som correto para as músicas. Quais guitarras e tratamentos seriam usados? Como seriam gravadas? Haveria muito ensaio ou seria algo mais “ao vivo”? A idéia central era falar do horror da guerra nuclear e tentar fazer com que tudo isso se encaixasse. Era um trabalho imenso, mas possível. Ou não?
Uma das primeiras atitudes foi mudar de local. O grupo deixou Widmill e foi trabalhar no Slane Castle, mesmo local que haviam tocado com o Thin Lizzy anos atrás. Todos ficariam praticamente trancados trabalhando lá até que conseguissem encontrar o que procuravam.
http://www.beatrix.pro.br/mofo/imagens/u206_edge.jpgE algumas tensões começaram a acontecer. Enquanto Brian e The Edge ficavam conversando e tocando algumas melodias, Bono os rondava com um lobo ouvindo cada nota para tentar encontrar inspiração. Brian ficava irritado com a situação, já que para ele, Bono deveria estar escrevendo. Mas o que Brian não sabia é que Bono só escrevia após ouvir a melodia que The Edge construía. Não haveria imagem se não houvesse uma melodia. E The Edge precisava explicar isso calmamente para Eno.
Na verdade, Brian estava tentando ajustar o som do U2 ao seu. Quando disse que mudaria radicalmente o som do grupo, não estava blefando. O grupo trabalhava em três canções, de início: “Wire”, “White City” e “Pride”.
Aos poucos Brian foi entendendo a maneira de trabalhar da banda e misturando toda a intensidade e paixão do U2 com sua paixão, a música gospel. Brian tentava explicar que se houvesse o clima certo as letras seriam transmitidas da mesma maneira. Em seu modo de pensar, a música era mais importante que a palavra. Algo excitante, mas muito sutil.
http://www.beatrix.pro.br/mofo/imagens/u206_castle.jpgBono recorda um pouco sobre esse período: “Nós últimos anos, cada banda do planeta ligou para Eno e o convidou para ser o produtor, mas o único grupo que ele aceitou foi desses quatros patetas irlandeses, por um motivo qualquer. Na verdade, acho que ele viu algo em nós. E tem sido uma experiência maravilhosa. Ele nos mostrou muito da “soul music”, sua grande paixão. Comecei a perceber que havia uma grande relação conosco, porque vários fãs nos falavam que tínhamos uma grande espiritualidade e eu acabei encontrando isso nesses discos. Não temos raízes na música negra, mas nossa alma é similar. Com Eno redescobrimos o espírito em nossa música e a confiança em nós mesmos.”
O disco The Unforgettable Fire e o Live Aid foram os dois grandes acontecimentos na vida do grupo nesse período. Isso sem falar do projeto Band Aid no qual Bono e Adam Clayton participaram. Foi no estádio de Wembley que a banda pulou para o posto de supergrupo. O U2 também ganhou o título de "grupo dos anos 80" da Rolling Stone e que muito ajudou a renegociar um contrato milionário com a Island. E ainda teve um EP (Wide Awake in América) e o nascimento de "Pride" e "Bad", dois dos maiores clássicos de seu repertório. De quebra, um texto apaixonado escrito por Joan Baez sobre a performance do grupo no Live Aid, traduzido por Maria Teresa Menegassi da Rosa, uma das maiores fãs da banda no Brasil. Pelo resumo, já percebeu que a história será longa...
1– A exposição inesquecível
http://www.beatrix.pro.br/mofo/imagens/u206_cartaz.jpgA excursão promocional de War deu o respaldo que a banda tanto precisava. Com shows esgotados pela América, eram, finalmente, uma das maiores bandas do planeta, ou até a maior. E começavam a receber convidados em suas apresentações. Na Filadélfia, Bruce Springsteen subiu ao palco para tocar com a banda. Ao término da turnê, o grupo doou para o Chicago Peace Museum todo o cenário utilizado na turnê, para ser exibido em uma exposição muito particular: pinturas feitas por moradores de Hiroshima e Nagasaki à época do bombardeamento das cidades japonesas, na Segunda Guerra Mundial. O nome da exposição era “The Unforgettable Fire”.
A exposição sensibilizou muitos os quatro músicos e acharam que o nome daria uma bela idéia para um novo disco. E o novo disco era uma preocupação imensa naquele momento. A maior dificuldade era convencer o produtor que desejavam a trabalhar com eles: Brian Eno.
http://www.beatrix.pro.br/mofo/imagens/u206_eno02.jpgBrian era uma figura cultuada no meio. Ex-integrante do Roxy Music, era considerado um homem singular, por suas idéias e o conceito de “no musician”. Segundo Brian, um músico não precisa ser virtuose para ser um considerado um mestre. Brian acreditava (e ainda acredita) que se cada um souber trabalhar os arranjos e conseguir aproveitar todo o seu potencial, por menor ou maior que ele seja, atingirá uma excelência. E Brian havia feito muito disso com dois artistas que o U2 amava: David Bowie e Talking Heads.
Mas o problema é que Brian não estava muito animado em produzir o grupo. Ele conta que ficou meses sem responder os insistentes telefonemas da banda para que telefonasse para eles. O motivo é que não via como poderia se encaixar nas canções do grupo. “Para ser sincero, eu tinha odiado todo o trabalho deles, não havia nada em comum comigo e não tinha idéia porque tinham me escolhido.”
Depois de tanto insistirem, Brian concordou em viajar até Dublin para conhecer os insistentes irlandeses, levando um jovem engenheiro de som chamado Daniel Lanois.
O encontro foi melhor do que Brian esperava. A princípio, tentou demover a banda dizendo que se fossem produzidos por eles soariam como jamais pensariam e que mudariam totalmente de estilo. Pois Brian ficou surpreso quando o grupo disse que era justamente isso que desejavam. “Não queremos fazer um filho do War. Queremos dar um passo à frente em nossa música”, disse The Edge.
Brian confessa que mais do que as músicas, o que realmente o interessou foram os próprios integrantes. “Quando vi Bono pela primeira vez sabia que teria que trabalhar com ele. Não sei explicar o que senti, apenas que o achei uma figura interessante demais para ser descartada. O mesmo se aplicou com The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen. Eles não eram pessoas convencionais de uma banda convencional. Ali, vi que seria um projeto muito interessante.”
2 – A banda do ano fica milionária
http://www.beatrix.pro.br/mofo/imagens/u206_u2.jpgEm março de 1984 o grupo é escolhido como o grupo do ano pela revista Rolling Stone. Se a banda gostou, Paul McGuinness simplesmente pulou de alegria com a notícia. E não era para menos. Finalmente ele tinha um grande trunfo para tentar renegociar, mais uma vez, o contrato do grupo com a Island. Paul então marcou uma reunião com o Chris Blackwell e levou Owen Epstein e Ossie Kilkenny.
Ao final da reunião, os três saíram pulando que nem crianças. O antigo acordo de US$ 50 mil mais royalties tinha se transformando em um novo contrato para mais quatro discos ganhando US$ 2 milhões adiantados por disco mais royalties. Traduzindo: o U2 era uma banda milionária agora. Os anos de dureza haviam terminado.
McGuinness e Epstein voaram para Dublin até os estúdios Widmill Lane onde a banda estava gravando o novo disco. Paul reuniu a banda e deu a grande notícia. O grupo ouviu em silêncio e então Paul levou uma ducha gelada de Bono. “O dinheiro poderá nos destruir, nos corromper. Pode nos separar dos amigos, de nossas famílias, de nossas raízes. Estamos felizes pelo acordo, mas não há necessidade para a festa. Agora precisamos voltar ao trabalho e terminar esse disco.”
Paul esperava tudo, menos ouvir isso. “Não é possível”, pensava, “fiz um acordo milionário e eles reagem com essa frieza?”
Mas o que o empresário não sabia é que as gravações estavam sendo caóticas como nunca haviam sido anteriormente. O motivo é que as músicas não funcionavam. Após definirem que usariam a exposição “The Unforgettable Fire” seria o tema central, nada mais deu certo. Duas semanas antes de começarem as gravações com Brian e Lanois, o grupo não tinha sequer uma única nova canção. Para piorar, o grupo temia que Eno pensasse “meu Deus, que banda horrorosa. Como fui entrar nessa?” O pânico era tão grande que pensaram em desistir de tudo.
http://www.beatrix.pro.br/mofo/imagens/u206_ensaios.jpgQuando Brian e Daniel chegaram para começarem o trabalho, The Edge resolveu sentar com os dois para discutirem as idéias. O primeiro passo era tentar encontrar o som correto para as músicas. Quais guitarras e tratamentos seriam usados? Como seriam gravadas? Haveria muito ensaio ou seria algo mais “ao vivo”? A idéia central era falar do horror da guerra nuclear e tentar fazer com que tudo isso se encaixasse. Era um trabalho imenso, mas possível. Ou não?
Uma das primeiras atitudes foi mudar de local. O grupo deixou Widmill e foi trabalhar no Slane Castle, mesmo local que haviam tocado com o Thin Lizzy anos atrás. Todos ficariam praticamente trancados trabalhando lá até que conseguissem encontrar o que procuravam.
http://www.beatrix.pro.br/mofo/imagens/u206_edge.jpgE algumas tensões começaram a acontecer. Enquanto Brian e The Edge ficavam conversando e tocando algumas melodias, Bono os rondava com um lobo ouvindo cada nota para tentar encontrar inspiração. Brian ficava irritado com a situação, já que para ele, Bono deveria estar escrevendo. Mas o que Brian não sabia é que Bono só escrevia após ouvir a melodia que The Edge construía. Não haveria imagem se não houvesse uma melodia. E The Edge precisava explicar isso calmamente para Eno.
Na verdade, Brian estava tentando ajustar o som do U2 ao seu. Quando disse que mudaria radicalmente o som do grupo, não estava blefando. O grupo trabalhava em três canções, de início: “Wire”, “White City” e “Pride”.
Aos poucos Brian foi entendendo a maneira de trabalhar da banda e misturando toda a intensidade e paixão do U2 com sua paixão, a música gospel. Brian tentava explicar que se houvesse o clima certo as letras seriam transmitidas da mesma maneira. Em seu modo de pensar, a música era mais importante que a palavra. Algo excitante, mas muito sutil.
http://www.beatrix.pro.br/mofo/imagens/u206_castle.jpgBono recorda um pouco sobre esse período: “Nós últimos anos, cada banda do planeta ligou para Eno e o convidou para ser o produtor, mas o único grupo que ele aceitou foi desses quatros patetas irlandeses, por um motivo qualquer. Na verdade, acho que ele viu algo em nós. E tem sido uma experiência maravilhosa. Ele nos mostrou muito da “soul music”, sua grande paixão. Comecei a perceber que havia uma grande relação conosco, porque vários fãs nos falavam que tínhamos uma grande espiritualidade e eu acabei encontrando isso nesses discos. Não temos raízes na música negra, mas nossa alma é similar. Com Eno redescobrimos o espírito em nossa música e a confiança em nós mesmos.”
Seg maio 11, 2015 5:11 pm por deh77
» Chat dos Rockeiros.
Ter Jan 13, 2015 11:05 am por JANAINA
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Seg Dez 29, 2014 6:35 pm por alex22ks*
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Qua Nov 05, 2014 11:59 pm por mdsguitar
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Dom Mar 30, 2014 3:15 am por Mr. Nose
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Qui Nov 28, 2013 8:46 am por sarahgenevive
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Sáb Nov 16, 2013 4:48 am por Lya
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Qua Nov 06, 2013 7:28 am por AnarChaos
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Sáb Abr 13, 2013 9:13 pm por Andressarhcp